domingo, 3 de fevereiro de 2013

Doutorando Em Músicas De Acasalamento.


É bem sabido por todos, ou quase todos, que os governos e poderes se utilizam da transgressão de significados para confundir e dominar intelectualmente e ideologicamente seus povos, assim como já vimos no clássico 1984!
No meu doutoramento coagido em “Músicas de Acasalamento”, que anda ocorrendo por relações de cunho empregatício com pessoas bacanas porém, de gosto musical duvidoso eu pude notar o potencial bélico disponíveis em flashcards e Mp3 das massas!
É claro que esse tipo de “arte descartável” tem uma função menos recreativa do que parece, e sua real intenção é o embotamento intelectual por conta da repetição, da já citada transgressão de significados e êxtase sexual, dos quais posso comprovar empiricamente a verdade e potencialidade desse fato, desde que meu subconsciente tem sido condicionado a atraiçoeirar-me e me diminuir à processos meramente vegetativos de forma que as palavras não detém mais sua multiplicidade de significados!
Por exemplo, quando qualquer veículo, orgânico ou não, dispara aos meus ouvidos a palavra "pai" toda a gama representações de autoridade, proteção, suprimento, e outras interpretações abstratas, poéticas e pertinentes colapsam e meu cérebro convulsiona em uma cantilena agressivamente desafinada, dissonante e repetitiva:
“-...no fusquinha do papai!Pai!Pai!Pai!Pai!Pai!
Ontem minha esposa me pediu auxílio com a limpeza do soalho, e a mente recomeçou o looping reducionista da palavra chão em ritmo e batidas de funk, e assim é com todo parco vocabulário gritado pelo radinho do Paraguai em meu horário comercial, de segunda à sábado!
Como toda “letra” tem conotação sexual algumas palavras tornam toda alma feminina em “cachorra”, “tchutchuca”, “novinha”,alteadas para além da potência dos meus fones de ouvido e assim tem se assomado em tentativa de me assombrar com promiscuidade e lascívia desagradáveis, então eu forço o equalizador, ajusto o aparelho às cavidades auriculares e tento voltar ao mundo ao qual me delicio, volto a prestar a atenção à cadenciada leitura auditiva do livro do dia...
Recobro ai um pouquinho da minha humanidade furtada.


Anderson Dias Cardoso.

Um comentário:

Célia disse...

rsrs.. Infelizmente, já não se fazem música como antigamente! Ou melhor, dificilmente se faz música! E o pior é que estes ritmos sem nexo, contagiam nossas mentes e para nos livrarmos, dá bastante trabalho! Haja livro bom!....

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