segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Inês.



Falavam sempre de Inês, mal é claro. E ainda que nunca a conhecera, ou soubera alguma coisa de outra pessoa senão sua crítica e inimiga mortal, também a odiava como a poucas de suas inimizades!
Se antipatizava com sua índole preguiçosa, conformada e a voz lamentosa que se desculpava de todas as coisas à todas pessoas, porém, o pior era sua feiúra externa!
Aquele corpo obeso e atarracado, cabelos crespos, olhos embaciados... Tudo tão inaceitável num mundo onde, com modestas parcelas, a nova medicina molecular lhe permitiria se transformar em outra pessoa!
E a coisa era assim, naquela rotina de se odiar a mulherzinha fraca e feia, e se ter matéria para longas e divertidas conversas maldosas... Até que um dia o documento revirado no fundo da bolsa veio à tona!Foi uma grande surpresa descobrir que Inês esteve ali todo o tempo!



Anderson Dias Cardoso.

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